Lobisomem

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     Nunca acreditei em lobisomens, pessoalmente, sempre fui "homem" demais pra acreditar nessas besteiras que contam por aí. Mas tudo mudou depois dessa sexta-feira, me ajudem, estou completamente desesperado, não sei explicar o que aconteceu, só sei que começou dessa maneira:

     No começo desse mês, deixei minha esposa em casa e fui comemorar o início de minhas férias em um bar próximo com alguns amigos. Bebemos até o primeiro colega desmaiar, então perdi a conta e acabei me envolvendo em uma briga com alguns estranhos que não paravam de nos observar, não me lembro bem dos acontecidos, mas os que lembram me disseram que foi estranho demais. Cheguei em casa com marcas de mordidas, arranhões, parecia mais que tinha brigado com cachorros do que com homens. Meus amigos explicaram tudo pra minha esposa, que cuidou de mim, carinhosamente, nos dias que se seguiram. Eu a amava tanto... Todos os dias, antes de eu acordar, ela estava no pé de minha cama, descansando sua cabeça na ponta da cama.

     Então algo estranho aconteceu, dias depois dormia em casa e acordava em locais estranhos, coberto apenas por folhas e sujeira, talvez eu fosse sonâmbulo. E era o que eu acreditava, até essa sexta. Não acordei em um lugar estranho, como todos os outros e sim em minha casa, em minha cama. Aquilo foi um alívio, talvez aquele ataque de sonambulismo tenha finalmente passado. Mas quando olhei pra mim mesmo, naquela manhã, vi que estava redondamente enganado.

     Meu corpo estava vermelho, um vermelho bem forte e escuro e quando levantei, aquilo escorreu de mim, até o chão, sujando tudo. O cheiro de algo parecido com ferrugem invadiu minhas narinas e me dei conta que era sangue. Procurei ferimentos no meu corpo, mas pelo visto, aquele sangue não era meu. Fiquei ainda mais desesperado, gritei minha esposa, procurando pela casa silenciosa, só então percebi um rastro vermelho e quase seco no chão, olhei ao redor, ele levava diretamente para o celeiro. Fui seguindo e parei bem a frente daquela porta gigante, com uma marca de mão sangrenta, no cadeado toscamente quebrado. Respirei fundo e entrei.

     O que eu vi, nada podia ter sido pior, todos os animais que eu cuidava com todo carinho, estavam deitados no chão, mortos. Suas tripas inundavam aquele lugar, dei dois passos pra dentro e logo tropecei em algo frágil e mole que se estendia no chão. Olhei e me deparei com o corpo da minha mulher destroçado, aberto da garganta até o umbigo. Sua face estava aterrorizante, como se pretendesse gritar, mas seus olhos não emitiam mais aquele brilho que eu tanto amava... Vi algo pousado em uma das suas pernas e percebi que eram pelos negros, tão espessos, nunca havia visto antes.
     Nada mais faz sentido, estou pedindo...
Eu a amava...
Eu... acho que matei minha mulher... acho que matei muitas pessoas.
Por favor, me ajudem...


Conto original A Morte, escrito por nossa adm Cíntia Parma (Hunter)
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