Arranhões na Porta
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Ao olhar para o lado, percebe que seu relógio digital, com a luz vermelha, marca 02:00.
Um pouco assustado e ainda sonolento, você naturalmente imagina que é o seu gato e ignora.
São 02:10 e os barulhos continuam.
Você, agora um pouco mais desperto, briga com o seu animal e o manda ficar quieto.
Mas ele parece não se importar com o que você diz.
São 02:15 e os barulhos na porta ficam mais fortes. Você obviamente começa a estranhar a insistência do animal.
Com as luzes ainda apagadas, tentar perceber se tem algo acontecendo ao seu redor. Neste momento os arranhões na porta param. Você continua tentando perceber qualquer movimentação estranha, mas nada.
Quando mais calmo, você deita novamente e ao fechar os olhos, sente um súbito frio percorrer a sua espinha.
Uma sensação estranha começa a se aproximar da direção da porta.
Uma sensação estranha começa a se aproximar da direção da porta.
Imóvel, talvez por medo ou por algo pior, só consegue ouvir o que acontece.
Sons de pequenos passos começam caminhar da porta até a sua direção.
A cada passo, a sensação ruim que você tem e o som dos mesmos, ficam maiores.
Agora, por volta de 02:22, os sons dos passos param à sua frente.
Apesar de não conseguir abrir os olhos, você sabe que tem algo do seu lado.
Uma respiração forte e ofegante se aproxima do seu rosto.
Uma voz grossa e diferente de tudo que você já ouviu, pronuncia palavras que você não consegue entender.
No mesmo instante em que as palavras terminam, você ouve um estalar de dedos e cai no sono.
Um tempo depois, você acorda desesperado e tenta se levantar, mas não consegue mover nenhum de seus membros.
Ainda sente a maciez da cama em suas costas.
Mas agora, percebe que seus braços estão doendo, o que te leva a imaginar que esta amarrado verticalmente.
Ainda sente a maciez da cama em suas costas.
Mas agora, percebe que seus braços estão doendo, o que te leva a imaginar que esta amarrado verticalmente.
E o fato de não conseguir enxergar nada te deixa ainda mais apavorado.
Inicialmente você imagina que as luzes ainda estão apagadas, e por isso não enxerga, mas não é isso. É algo tão ruim que você simplesmente não consegue imaginar.
A voz que você ouviu antes, tenta novamente pronunciar algumas palavras.
Mas diferente de antes, você começa a entender o que ela quer dizer.
-Olá, humano... Finalmente consegue entender o que digo?
Você, incapaz de responder, apenas treme diante da voz arrepiante.
-Não precisa responder... Acredite... Eu SEI que você me entende!
Ao terminar de falar, o dono da voz dá gargalhadas incessantes.
O desespero percorre todo o seu corpo. Você junta o pouco de coragem que lhe resta e tenta descobrir o que está acontecendo.
-O... que... você... o que está fazendo comigo????
Enquanto você termina de falar as gargalhadas diminuem, e apesar de não conseguir ver, você sabe que o dono da voz está te encarando, e com um sorriso no rosto.
Você ouve mais alguns passos em sua direção e sente a aproximação de algo.
Algo escorregadio e ao mesmo tempo áspero percorre o seu rosto. Você só pode tremer enquanto sente que os próximas palavras estão vindo.
-Estou me divertindo. Algum problema com isso?
Você, mesmo atado, assustado, e não enxergando nada, fica furioso com o sarcasmo, e junta forças pra retrucar.
-Me liberte que eu te mostro como posso me divertir te vendo no meu lugar.
E o dono da voz também retruca.
-Não abuse, humano! Você ainda não percebeu em que situação se encontra.
-Você parece estranhamente calmo. Se eu fosse você, eu não estaria. Acredito que você esteja se perguntando o porque de você não enxergar nada.
E novamente você estremece enquanto as gargalhadas recomeçam.
E uma sensação horrível toma conta do seu coração. E você tenta falar.
-O... o... o... o... o... q... qu.... que... você... fe... fez...????
O dono da voz começa a falar e rir ao mesmo tempo.
-Sabe os seus OLHOS? EU OS ARRANQUEI !!
O medo cresce no seu coração. E por algum motivo, você sabe que essa é a verdade. E tudo que você pode fazer e gritar enquanto torce pra ter qualquer tipo de ajuda.
Mas no fundo do seu coração você sabe que não haverá salvação...
Esta é a situação em que você se encontra.
Sem ideia do que fazer, tenta se debater. Mas a cama e seja lá o que estiver te prendendo, não se movem.
Incapaz de se libertar, você perde as esperanças e sente que a noite só pode piorar! E acredite, ela vai.
Sua boca treme e você consegue sentir o sabor do sangue que escorre dos seus olhos.
Mas, apesar de tudo, você tenta formular uma frase.
-Vo... você... está... se... divertindo... fazendo... isso comigo? Qu... quem... ou... o que... é você?
As gargalhadas não param. A cada segundo ouvindo-as mais apavorantes e irritantes elas se tornam. E no meio delas, palavras vão aparecendo.
-Eu me divirto torturando humanos patéticos como você. Simples assim.
-Meu nome... Não importa. Não pra você. Afinal, você só tem alguns minutos de vida. Mas... pode me chamar de Demônio, Fantasma ou até mesmo de Morte. Humanos não tem uma definição exata pra mim.
-E antes que pergunte, eu arranquei seus olhos para um pequeno ritual. Nada demais. Por meio deste ritual você consegue entender o que eu digo. Bem prático é útil. Apesar de que preferia que você me visse. Tenho certeza que você iria ficar ainda mais desesperado. Assim como todos que viram o meu rosto.
A voz tão grossa, gargalhadas tão medonhas e ao mesmo tempo tão confiantes.
Você tenta ganhar tempo ou convencer o que você decide chamar de demônio.
-Por... favor... me...
Mas antes de terminar a frase você sente algo cortando sua perna esquerda.
E antes que conseguisse gritar, o demônio coloca algo na sua boa e a amarra.
Com a língua você percebe algo viscoso e com um terrível gosto de sangue.
Você sabe o que é. Mas não quer colocar a imagem na sua mente.
A vontade de vomitar cresce instantaneamente.
Mas, no mesmo instante em que seu corpo tenta regurgitar, você sente sua perna direita sendo arrancada a força.
-Pra ficar igual. – Diz o demônio, gargalhando com um tom de satisfação.
Você se debate. Geme. Mas agora, nada disso ira adiantar algo.
-Acho que vou acabar logo com isso. Apesar de querer te torturar o resto da noite. Acho que você não merece tanta a minha atenção. Tem outros(as) pra visitar ainda hoje. – Sussurra o demônio em seu ouvido.
No mesmo instante em que o demônio termina a frase, você sente algo atravessando o seu peito.
Os seus sentidos começam a se esvair. E você começa a perder a consciência.
-O cheiro da morte e algo maravilhoso, não é mesmo? Os últimos momentos de uma vida. Tão simples e tão belo. E saber que fui a causa desse acontecimento me deixa excitado. – O demônio sussurra novamente em seu ouvido, mas desta vez, a voz está calma e serena, com um ar de satisfação em cada palavra.
Quando você percebe que esta chegando nos ultimo segundos de vida, você ouve um estralar de dedos.
Gritando, se debatendo e suando muito você acorda em sua cama.
No impulso você confere seu peito e suas pernas.
Tudo no lugar onde deveriam estar.
Mas você olha pro seu relógio e ele marca 02:15.
Neste mesmo instante...
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O Autor é o nosso administrador: Inimar Jr
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